Onde há pessoas, há conflitos. Independe do universo que
circule, se familiar ou corporativo, ambiente preponderantemente emocional ou
racional, a divergência de ideias irá existir.
Mas quem foi que disse que a divergência de ideias é algo
ruim, ela é usada inclusive como técnica de design thinking, que é uma forma de
pensar, um conjunto de técnicas utilizadas para abordar um problema.
O design thinking é uma metodologia prática que usa a
criatividade para resolução de problemas, atuando como um processo colaborativo
em que as pessoas trabalham em conjunto e buscam benefícios nas diferentes
perspectivas sobre determinado assunto.
As fases dessa metodologia são: Empathize (descobrimento, ter empatia); Define (interpretação); Ideate
(ideação); Prototype (prototipagem ou
experimentação) e Test (teste e aperfeiçoamento).
E se desenvolvêssemos inovações para solução de conflitos baseadas
em um "pensamento de designer"?
Poderíamos também dividir a projeção da resolução em fases. Assim,
a solução de conflitos igualmente ganharia uma metodologia criativa, em que as
fases seriam identificadas e o resultado já seria positivo, tendo em vista a
participação ativa dos conflitantes.
#1 Eu tenho um conflito: Como posso
desvendá-lo?
Aqui pode-se definir o conflito em si, identificar qual o
conflito real, que está além do conflito aparente. É o momento de ter empatia,
enxergar a experiência vivenciada através dos olhos do outro, compreender com e
por quem se está tentando solucionar o problema. Note que quando todos os lados
olham entre si, o seu ponto de vista igualmente estará sendo considerado.
#2 Eu analisei o histórico do problema:
Como interpretá-lo?
Muitas vezes, achamos que o problema está somente na situação
limite de um confronto, mas se analisarmos racionalmente percebemos que alguma
semente conflituosa foi plantada e regada sem percebermos. Nessa etapa,
interpretemos quais as nossas necessidades e também as do outro, pois ao
confrontá-las vamos conseguir visualizar, com mais clareza, em que momento o
conflito foi gerado e quais as atitudes que desencadearam o problema.
#3 Eu vejo uma oportunidade: Como posso
criá-la?
Uma vez identificado o problema e balizado até que ponto ele
se estende, a forma que o abordamos se faz essencial e aprender técnicas de uma
comunicação não violenta é de fundamental importância para a tratativa na busca
da resolução. Então, considerando sempre o respeito ao outro, é a hora de
criar, jogar ideias no ar, em post its ou em desenhos. O mais importante é que
esse brainstorm gere criatividade
que, juntamente com o repertório de cada um, sejam lançadas ideias novas que os
façam sair da zona de conforto e busquem soluções que podem, nem que seja
hipoteticamente, deslindar o conflito. Aqui, buscam-se as ideias diferentes e os
pontos de vistas diversos, faz-se uma divergência de pensamentos, sem filtros
bloqueadores de ideias "sem sentido", pois se você pensou em algo
inimaginável, talvez aquilo tenha relevância para você e isso há de ser
considerado.
#4 Eu tenho uma ideia: Como posso
concretizá-la?
Experimentar coisas novas é geralmente transformador e esse é
o momento para isso. Convergir e testar as ideias, por em prática o que foi
idealizado, se perceber, perceber ao(s) outro(s) e como funcionam juntos, tudo
isso dentro das abordagens que foram observadas e criadas nas outras fases. É
como se pudéssemos criar um protótipo da relação com o outro e testar como a
parceria funciona da melhor forma, aplicando iniciativas que coloquem em
prática as conclusões anteriores.
#5 Eu experimentei alguma coisa: Como
posso aprimorá-la?
Para que não retorne ao status
quo, é necessário aperfeiçoar as soluções obtidas através dos testes
realizados, observando a evolução da iniciativa quando nos deparamos com a
rotina do dia a dia. Analisar o porquê aquela solução específica funciona faz
com que fiquemos atentos constantemente, até que o hábito seja criado, e agir
positivamente pela resolução, e não pelo mal estar inicial originado pelo conflito,
se torna tão natural quanto a certeza de que outros problemas surgirão.
A metodologia possui uma visão construtiva e experimental,
focada na criação de ações resolutivas, que contribuem desde a maneira em que o
problema é abordado até a criação de hipóteses, busca contínua por soluções
específicas, materialização de soluções idealizadas, criação de diversas
oportunidades e seleção da(s) mais relevante(s) naquele momento.
Nesse sentido, é a união de pequenas ideias que traz a
resolução do problema. E então, vamos ter, juntos, um grande ideia?