E seguindo no
compartilhamento das percepções da minha experiência no exterior, hoje irei
abordar sobre comunicação.
Na University of
Central Florida, especificamente no prédio da Comunicação, você se depara com
abordagens que te levam a refletir sobre a importância dessa habilidade, como
por exemplo várias frases nos corredores sobre o tema.
Seja por conta do
surgimento de conflitos ou simplesmente pelo fato da convivência com outras
pessoas, a comunicação é requisito básico e necessário para estabelecer qualquer
relação. E por que não parar para pensar um pouco sobre as formas de melhorar a
comunicação?
Aqui nessa universidade,
me parece que a categoria comunicação não se restringe somente à atividade fim
dos jornalistas, publicitários e relações públicas, que precisam saber passar conteúdo
informativo ao público, ou ao habilitado em cinema, que escreve roteiros e
conhece diferentes formas de comunicação. Justamente por considerar a
importância da gestão de conflitos, na grade, há cadeira de Conflict Management,
onde se aborda sobre a existência do conflito em diversas plataformas e quais
as formas que podem ajudar a dirimí-los.
Na primeira aula da
cadeira, o professor Dr. Rufus Barfield abordou o tema religião e justificou o
início por um assunto polêmico dizendo: "If you want to learn how to manage
conflict, you have to open your eyes to non tradicional ways". E assim, ao
abrir os nossos olhos para caminhos não tradicionais, um novo mundo se abre
diante de nós e podemos ter mais clareza de como podemos dissipar o conflito.
Você consegue ter uma
boa conversa com alguém que discorda profundamente?
Cada um tem sua opinião
formada acerca de religião, política, casamento, sexualidade. Nossas ações, em
geral, são baseadas no que nós já acreditamos e não abrimos os olhos e, principalmente
os ouvidos, para considerar o que o outro tem a nos dizer.
Lembrando das palavras
de Bill Nye, cientista educacional, comediante, apresentador, ator e escritor
conhecido nos EUA: "Everyone you will ever meet, knows something you don't".
Desse modo, se todo mundo que você pode conhecer sabe algo que você desconhece,
então aumentemos nosso repertório, como uma busca incessante por inputs
mentais.
Precisamos aprender
COMO falar e, sobretudo, COMO escutar, comparativamente como se estivéssemos em
uma entrevista, porque aquela pessoa também tem algo a nos acrescentar e, igualmente,
porque é bem melhor quando saímos de uma conversa e percebemos que houve uma
verdadeira conexão.
Dentre os principais conhecimentos
que obtive sobre como manter uma boa comunicação, destaco, com minhas reflexões,
algumas dicas de Celeste Headlee, jornalista, escritora e apresentadora, que
com anos de experiência em entrevistas tem uma perspectiva única sobre uma boa
conversa.
Be present. Se fazer
presente no momento da conversa, descartando os pensamentos que não são
relevantes naquele momento para evitar dispersão. Estar por inteiro e não pela
metade. É disso, inclusive, que a
meditação trata, você reconhecer a importância do momento presente.
Do open questions. Fazer
perguntas abertas fazem com que o outro pare para pensar e se expresse de
maneira mais sincera, com suas própria palavras, ao invés de responder
"sim" ou "não".
Talk and let it go. Quando algum
pensamento relevante vem a nossa cabeça no meio da conversa, devemos liberá-lo,
não acusando ao outro mas dizendo, no momento oportuno, como nos sentimos. Do
contrário, paramos de escutar porque nosso cérebro se bloqueou naquele
sentimento resguardado.
Histories come and go.
Precisamos aprender que quando alguma história inapropriada para o momento vem
a nossa cabeça, devemos deixá-la sair da nossa mente do mesmo jeito que veio,
naturalmente. Ao invés de ficar lembrando da história, focar na conversa.
It's ok if you don't understand. Se
você não sabe ou não entendeu em algum momento o que foi falado, simplesmente
diga ou pergunte, além de evitar que você pare de escutar o outro, isso criará
uma conexão entre os envolvidos na conversa e facilitará o diálogo.
It isn't a promotion
opportunity. A conversa flui mais facilmente quando nós acolhemos o outro. Se
alguém chega contando um problema, ou querendo conversar sobre um conflito,
contar sobre como sua vida é difícil ou sobre como aconteceu algo pior com você,
não vai ajudar, pois não é a mesma coisa. Todas as situações são individuais e
nem sempre tem haver conosco no centro do assunto, mas sim no interesse com o
outro.
Forget the details. Não
se prenda aos detalhes, as pessoas tendem a se importar com você, como você se
sentem, com o que tem em comum e não com datas, nomes, anos. Então não seja
prolixo, mas sim objetivo, conversas não devem ser tão curtas, para que não
haja mal entendidos, nem tão longas, para não serem cansativas.
Listen. Na maioria das
vezes, ouvimos não com a intenção de entender, mas com a intenção de responder,
entender e interpretar o outro é fundamental para achar a conexão. Parafraseando Buddha: "If your mouth is open, you
are not learning". Ou seja, se sua boca está aberta, você
não está aprendendo.